De todos os relacionamentos que já tive e de todos que ainda irei viver, o mais complicado vai ser sempre comigo mesma.
Desde as portas que fechei na infância e que agora busco ajuda para abri-las, até a forma como muitas vezes me trato, tão diferente da forma como eu trato outras pessoas.
Eu jamais diria para alguém "você não é boa o suficiente" ou "o que os outros irão pensar" mas acredito quando minha mente grita isso de volta para mim diariamente.
Eu jamais aceitaria um amigo que se aproximasse para me dizer "esse cabelo tá muito estranho" ou "esse corpo já foi melhor", mas ouso me olhar no espelho e dizer isso para mim mesma, com muito mais frequência do que eu gostaria ou deveria.
O maior relacionamento em que eu já estive - o mais longo - e o mais importante, a única certeza na minha vida, é comigo mesma.
E por isso eu deveria ser mais gentil e cuidadosa diariamente, e esse é um hábito que deveria ter sido ensinado para mim.
Ao invés disso, cresci ouvindo sobre imperfeições, lendo sobre como sou cheia de falhas
e que deveria mudar aquilo que eu não gosto em mim, sem nunca ter tido a chance de olhar para mim mesma com olhos generosos e de respeito
e ter sido ensinada a me amar.
Ao invés de autoestima, tratamentos, produtos e agulhas, infinitas formas
de como mudar aquilo que eu sou.
Mas nada me impede de aprender hoje
que o meu relacionamento comigo mesma deve ser honesto e gentil.
Falta muita empatia quando eu falo comigo mesma às vezes em voz alta,
mas na maioria das vezes em pensamentos. O relacionamento mais longo da minha vida será comigo mesma
e continuarei me olhando no espelho dia após dia,
após ano,
até me encontrar e me reencontrar
para aprender a olhar para cada canto de mim, do meu corpo
e da minha mente
e apreciar aquilo tudo do que eu sou feita,
de pele, sentimentos, lugares vazios e preenchidos, de mim mesma.
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